terça-feira, 18 de outubro de 2011

Roteiro pela Sicília, na Itália, leva a locações usadas em 'O poderoso chefão' e ao topo do vulcão Etna Leia mais: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/viagem-e-turismo/roteiro-pela-sicilia-na-italia-leva-locacoes-usadas-em-poderoso-chefao-ao-topo-do-vulcao-etna-2752548.html#ixzz1bBf7wlpS

Cristina Massari (cristina.massari@oglobo.com.br)
A Igreja de São Nicolau, em Savoca, na Itália, onde Michael Corleone e Apollonia se casaram/ Foto de Cristina Massari GIARDINI NAXOS, SICÍLIA — O sangue dos sicilianos corre quente. Mas, diz-se que eles têm menos sangue italiano do que de todos os povos que passaram pela Sicília. E não foram poucos: gregos, normandos, bizantinos, aragoneses, bourbons. Até que em 1860, Giuseppe Garibaldi (sim, o companheiro da brasileira Anita) atuou na liberação da ilha, na luta que resultou na unificação da Itália. Depois, veio a Segunda Guerra, com os bombardeios das forças aliadas. Catástrofes naturais também castigaram a ilha: terremotos, maremotos, erupções do Etna, o mais alto vulcão da Europa e ainda na ativa. E a Máfia... Romanceada por Mario Puzo e glamourizada por Francis Ford Coppola nas telas do cinema, a Sicília é palco para uma das mais bem contadas histórias do século XX. Um delicioso roteiro por suas montanhas leva a cidades onde foram rodadas as cenas da série “O poderoso chefão”. De quebra, sugerimos uma visita às crateras do Etna e à medieval Erice, a partir do porto de Trápani, num doce roteiro regado a cannolis e granitas.
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Vizinha: À sombra do vulcão em Taormina
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Em Savoca e Forza d’Agrò, a ‘história da família’
A sinuosa estrada SP 19 leva até Savoca, pequena cidade a 300 metros sobre o nível do Mar Jônico, na Itália/ Foto de Cristina Massari Corleone, a cidade originalmente citada no romance de Mario Puzo como a terra natal de dom Vito (Marlon Brando), fica na província de Palermo. Folclore ou não, contam os guias que acompanham os turistas nos roteiros de “O poderoso chefão” que a equipe de Francis Ford Coppola quis filmar lá primeiro, mas diante das pressões dos capos locais e de um incidente em que um carro da equipe de produção foi incendiado, desistiram. Coppola e sua trupe resolveram montar seus equipamentos a 300 km de lá, mirando foco em vilas mais rústicas como Savoca, Forza d’Agrò e arredores.
Pedindo licença a Puzo e Coppola, tomo a liberdade de reeditar algumas cenas, transpondo o roteiro cinematográfico para o turístico. Saindo do porto de Giardini Naxos, também perto da charmosa Taormina, deparo-me com o local que marca o início do segundo filme da saga.
O ano era 1901, o cortejo fúnebre do pai do pequeno Vito, assassinado pelos capos locais, seguia pelo leito de um rio assoreado, bem perto de Santa Teresa di Riva, às margens do Jônico. Ouvem-se tiros e Paolo, irmão mais velho de Vito, cai morto. Santa Teresa di Riva é uma vila típica de praia, mas com o fundo de calcário, formado por conchas e pedras, tem aparência escura. O brasileiro, acostumado a praias de areia branca, estranha um pouco. Melhor esquecer a praia, apreciar a paisagem e subir a sinuosa estradinha que leva até Savoca, 300 metros acima.
Em Savoca, na Sicília, o Bar Vitelli,  uma das locações da trilogia de filmes/ Foto de Cristina Massari As cenas rodadas em Savoca marcam o retorno dos Corleone para a Sicília, quase 50 anos mais tarde, enquanto os negócios da família nos Estados Unidos atingem um alto grau de violência. Fazem parte do primeiro filme da série, que se passa depois do fim da Segunda Guerra, no período de 1945 a 1955, e marcam também o início da história de amor de Michael, o personagem de Al Pacino, sucessor de d. Vito, com a bela e jovem Apollonia. Recém-chegado à Sicília, o herói controverso se diz “atingido por um raio” e cai de amores pela moça que conheceu enquanto caminhava com dois guarda-costas pelas ruas de Savoca. Na pracinha da cidade, senta-se com os amigos no Bar Vitelli e comenta que tinha acabado de conhecer a italiana. Apollonia era a filha do dono do bar, que participa da conversa. E ali mesmo se arranja o casamento da jovem siciliana com o mafioso. A cerimônia acontece a poucos metros da pracinha, na Igreja de São Nicolau, também chamada de Santa Lúcia. De lá, os noivos saem pela rua, com a igrejinha ao fundo. A festa prossegue em frente ao Bar Vitelli. Mas a felicidade não dura muito, e Apollonia tem seu trágico fim, num atentado direcionado ao marido. A villa onde moravam e onde se passa a cena da explosão do carro fica a 30 km de Savoca. Os donos da propriedade agora cobram caro pela visita e os tours evitam passar por lá.
Dá para ver o quanto o turismo ajudou a cidade em 40 anos, desde que o filme foi feito (na década de 1970), pois nas telas ela aparenta ser bem mais rústica do que se vê hoje. A própria igreja do casamento aparece em obras na película. A Igreja de São Nicolau data do século XIII, mas mostra pouco de seu aspecto original, tendo sofrido alterações em sua fachada. Também é chamada de Santa Lúcia porque guarda imagem da santa que ficava em outra igreja, destruída pelo terremoto que abalou a Sicília em 1693. O que se vê na visita à igreja é uma réplica em madeira. A original, em prata, e que data de 1666, fica guardada, e só sai na procissão de Santa Lúcia, que acontece todos os anos no segundo domingo de agosto.
Dentro do Bar Vitelli, em Savoca, fotos das filmagens que fizeram a cidade famosa/ Foto de Cristina Massari Dentro do Bar Vitelli, que divide com a igreja as atenções dos turistas, estão fotos de gravações e objetos de cenas, mantidos como em um minimuseu. No entorno, lojinhas de suvenires vendem artigos tendo o filme como tema e há lanchonetes para se tomar uma refrescante granita, preparada com o autêntico limão siciliano.
Na Idade Média, Savoca era uma cidade próspera. Havia 17 igrejas na área, quase todas construídas entre os séculos XIV e XV, e muitas ainda estão abertas ao público. Até o século XVI, Savoca era área de agricultura. Com fontes de água importantes, sempre atraiu a presença de produtores de óleo e vinho, explicando a presença de muitas propriedades com plantações não só de oliveiras, mas também de alcachofras e tomates. O azeite de oliva é festejado também no roteiro de Coppola: “virgem, como só na Sicília”. Agora Savoca é chamada cidade das artes e vem se tornando um reduto de artistas, enquanto o governo local incentiva a produção artesanal de cerâmica, como os painéis que enfeitam a entrada da cidade.
O cenário se estende a Forza d’Agrò, a 12 km de Savoca e a 420 metros de altitude. No segundo filme, Michael volta à Sicília com Kay (Diane Keaton), mãe de seus filhos Mary (Sofia Coppola) e Anthony Vito Corleone (Franc d’Ambrosio), e diz para ela que vai lhe mostrar a “história da família”. A Catedral Maria S. Annunziata e Assunta, do século XV, é vista no segundo filme, quando o pequeno Vito foge escondido no lombo de um burro dos capangas de dom Ciccio, que haviam matado sua mãe, seu irmão Paolo e seu pai, e quando o mesmo Vito Corleone retorna à Sicília, já na pele de Robert de Niro, e vinga a morte da família, conforme d. Ciccio, o algoz, havia previsto.
Pizzaria da Forza d'Agrò, na Sicília: sabor rústico e delicioso no forno a lenha/ Foto de Cristina Massari A terceira parte da saga, ambientada em 1979, também retorna a cenas de Forza d’Agrò e Savoca. Michael Corleone leva Kay e Mary à Sicília e, enquanto mostra sua cidade-natal para Kay, assiste a um casamento na Chiesa SS Trinita (século XV). Michael se recorda mais uma vez da festa do casamento com Apollonia, na pracinha de Savoca. O casal passeia pelas pelo pátio da igreja em Forza d’Agrò, popular para casamentos, com seu pátio e claustros com arcos romanos. Logo abaixo, a pizzaria da pracinha mantém o forno a lenha aceso para matar a fome dos turistas na hora de um lanche rápido. Antecipando o já conhecido final da história, “tudo termina em ópera”, como disse Michael Corleone, melhor esquecer seu triste fim, ambientado no Teatro Massimo, na Piazza Verdi, em Palermo. Essa visita terá que ficar para um próximo roteiro.
Visita ao Etna com ou sem emoção
Na base do vulcão Etna, beleza com baixas doses de emoção/ Foto de Cristina Massari Mais alto vulcão da Europa, e um dos mais ativos do mundo, o Monte Etna se estende a 3.350 metros de altitude e domina a paisagem na Sicília e nos três mares que a cercam. Atualmente, mantém uma rotina de pequenas erupções, mas constantes. E vez ou outra, dá o ar de sua graça. Este ano, por duas vezes, as atividades do vulcão chamaram a atenção no noticiário internacional. Em janeiro, chegaram a interromper operações no aeroporto de Catânia e suas chamas de lava vulcânica foram vistas de cidades no entorno. Em agosto, novo susto, mas de menor intensidade.
O vulcão recebe visitantes regularmente, o ano todo. A visita às crateras pode ser feita entre os meses de março e novembro. No inverno, as encostas do Etna viram pistas de esqui. A temporada vai de dezembro a março.
Chegando à base do vulcão, pela face Sul, há algumas crateras inativas que dispensam a subida pela funivia até pontos mais altos. Elas são ideais para visitantes que sintam desconforto ao entrar na pequena cabine do teleférico para seguir no passeio. Lá em baixo, faz-se a visita numa versão “com menos emoção”, embora a paisagem seja bonita mesmo assim. Quem segue adiante para ver as crateras mais altas também deve dar uma paradinha. Ali ficam ainda um restaurante e um centro de visitantes.
A Funivia dell'Etna, o funicular que leva ao topo do vulcão, a 2.504 metros de altitude/ Foto de Cristina Massari A subida pelo Funivia dell’Etna, que no inverno também leva os esquiadores para as pistas na encosta do vulcão, é um passeio divertido de 15 minutos, até 2.504 metros de altitude. De lá caminha-se alguns metros — encosta acima — até crateras inativas. É preciso ter algum fôlego e estar acostumado a caminhadas, porque a mais de dois mil metros o ar começa a ficar rarefeito. Mesmo no verão, quem faz o passeio deve levar um agasalho corta-vento, pois no alto venta e faz bastante frio. Para chegar ao ponto mais alto, onde fica a cratera ativa, a 2.920 metros, os visitantes são levados em carros especiais, acompanhados de guias locais.
Por onde se circula pela Sicília, que sofre influência das placas tectônicas da África, comentam-se as marcas de catástrofes naturais que abalaram a história da ilha, como a tsunami e o terremoto de Messina em 1908: 80 mil morreram. Houve sim muita destruição na época e, em consequência, muita reconstrução ao longo do século XX.
A primeira erupção do Etna de que se tem registro data de 475 a.C. Em 1169, um terremoto antecedeu erupções do vulcão que destruíram boa parte da Catânia. Quinhentos anos depois, as erupções de 1669 são consideradas as maiores e mais destruidoras do Etna, quando a lava vulcânica alcançou o mar e a Catânia, na base do vulcão, foi destruída, matando 20 mil pessoas em algumas semanas.
No entorno do vulcão se pode ver rastros deste histórico de destruição. De uma casinha de beira da estrada soterrada pela lava do Etna há cinco anos, apenas o telhado fica de fora. No caminho a paisagem é florida por buganvíleas, oleandros e ginestras, que brotam do solo coberto pela lava vulcânica.
SERVIÇO:
Como chegar:
De trem: O serviço de trem na Sicília tem horários limitados, mas há linhas que passam por diversas cidades. A estação de Taormina é Giardini Naxos, na costa do Mar Jônico. Há ônibus e táxis que levam da estação de trem ou do porto até Taormina, em uma colina a 200 metros acima do nível do mar. A cidade fica a dez minutos de carro do litoral. trenitalia.it
De carro: As estradas são estreitas e sinuosas quando o roteiro inclui vilas como Savoca e Erice, que ficam no alto de montanhas. Carros pequenos circulam com mais desenvoltura e custam a partir de 185 euros por semana, em opensicily.com . Savoca fica a 36 km de Messina e 15 km de Taormina, via Stradale 114 até Santa Teresa di Riva. De Santa Teresa di Riva, seguir pela SP 19 até Savoca.
Monte Etna: No porto de Giardini Naxos é possível contratar serviços de transporte (vans ou carros alugados com ou sem motorista) para circular pela região. O preço é combinado na hora e varia conforme o número de pessoas no grupo e o itinerário escolhido. Chegando ao Etna, a Funivia Dell’Etna leva o visitante à estação a 2.500 metros, onde há uma cratera inativa. Custa 28,30 euros. Para chegar a 2.920 metros, e ver a cratera ativa, o visitante paga 53 euros. A bilheteria funciona das 9h até as 16h30m. O teleférico circula até as 16h45m. funiviaetna.com

Fonte:
http://extra.globo.com/tv-e-lazer/viagem-e-turismo

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