sábado, 6 de agosto de 2011

O que esperar de “Melancolia”, o novo filme de Lars von Trier estrelado por Kirsten Dunst

Por Luciana Borges
Foi durante a apresentação de “Melancolia” no último Festival de Cannes que o dinamarquês Lars Von Trier, diretor-autor do longa-metragem, deu declarações no mínimo embaraçosas sobre sua “simpatia” por Hitler. A polêmica resultou em um constrangimento instantâneo para Charlotte Gainsbourg e Kirsten Dunst, protagonistas de seu novo trabalho que o acompanhavam no festival, e em seu banimento pela organização do evento. Ainda assim, Kirsten levou o prêmio de melhor atriz e saiu-se bem da saia-justa.
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   Divulgação
CENA DO FILME COM KIRSTEN DUNST, O MENINO CAMERON SPURR E CHARLOTTE GAINSBOURG
Não é de se estranhar, portanto, que a produção chegue aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (5) sem muito alarde. Lá fora, não recebeu muitos elogios da crítica internacional. Para o site “Hollywood Reporter”, por exemplo, trata-se da mais frágil obra da carreira de von Trier, um tedioso apocalipse misto dos filmes “Armageddon” com “A Celebração”.

Marie Claire também assistiu a este drama-catástrofe sobre a história de duas irmãs, Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg), e de como elas encaram um possível fim do mundo. Na fábula do diretor, a Terra está prestes a colidir com outro planeta, uma esfera também azulada, mas hipnotizante, que recebeu o nome de Melancolia.

Para quem ainda se lembra do sadismo psicológico de “O Anticristo”, trabalho anterior do cineasta com fortes cenas de violência, esta estreia é quase pueril. Justine começa a trama ensolarada e linda, rumando para o castelo onde sua irmã vive, em algum lugar da Europa, para ter uma festa de casamento digna de rainha. O noivo, interpretado por Alexander Skarsgard (da série “True Blood”), é também o homem dos sonhos: lindo, compreensivo, apaixonado...
Editora Globo
PÔSTER DO FILME
Acontece que Justine possui uma sombra cinza amarrada aos calcanhar. A bola de ferro da depressão contamina seu ânimo; ela começa a murchar antes mesmo que a festa termine e por mais que se esforce é engolida pelo vazio que sente dentro de si. Claire aparece como a figura sensata da família. Diante do desmoranamento emocional da irmã, ela surge como uma rocha de segurança ao lado do marido (papel de Kiefer Sutherland) e do filho pequeno.

Conforme o planeta Melancolia se aproxima da Terra os papeis se invertem. No balé de coisas belas retratado por uma fotografia impecável (paisagens, personagens, tudo aparece como uma pintura perfeita) a morte surge devagar. E com ela desaparece a própria sanidade de Claire, que agora depende do niilismo da irmã para encarar o possível fim de sua existência.
Escrito durante o período severo de depressão pelo qual o próprio von Trier passou nos últimos anos, “Melancolia” pode mesmo não ter nenhum propósito escancarado, como seu antecessor, que causava um profundo desconforto em quem assistia. Reforça, porém, uma sensação cada vez mais comum a muita gente: quando simplesmente não se consegue ser feliz, não importa o que aconteça, o fim do mundo não parece um castigo, parece mais uma benção. O mal estar de nossos dias está aqui.
Fonte:
http://revistamarieclaire.globo.com/Revista

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