O arquiteto paulistano combina criação e diversão ao projetar ambientes contínuos e superpráticos com móveis multifuncionais
Por Marilena DêgeloThiago Passos | Foto Lufe Gomes
Logo depois de formado na Universidade Mackenzie, em 2000, ele foi morar na Espanha, onde trabalhou e fez dois anos de mestrado em projeto na Universidade Politécnica da Catalunha, em Barcelona. Lá, teve aula com Benedetta Tagliabue, arquiteta superconceituada. “Aprendi a investigar o bairro, o espaço e o meio ambiente para criar um projeto. E, depois, a montar a história dele para o cliente entendê-lo”, afirma. Ele trouxe também a experiência de conectar os espaços com mobiliário contínuo e de multiuso: uma estante na sala que entra na cozinha e vira armário.
Há três anos, o arquiteto passou a reproduzir e vender em seu site os móveis especiais que, antes, fazia apenas para os ambientes que projetava. “O processo de criação tem de ser divertido”, diz. “O que o cliente procura é sempre um desafio, algo diferente. A gente inventa, tenta. Se ele não gostar, é só refazer.”
Estante, aparador ou banco? O móvel com múltiplas funções é comum nos projetos de design assinados pelo arquiteto. Este fica em São Paulo
“O escritório possui três conceitos básicos: criar espaços contínuos e conectados nos interiores e com o exterior; trabalhar com materiais simples em soluções diferentes; e evitar os revestimentos caros.”
“Em vez de colorir a parede, retiro o reboco para deixar a textura dos tijolos aparente. É uma solução atemporal porque envelhece bem e nunca cansa. Fica diferente com a luz de cada estação do ano.”
“Uso a vegetação a favor da arquitetura. Crio um pergolado e outros elementos para receber as plantas que, no verão, protegem a casa da insolação e, no inverno, hibernam e deixam o sol aquecê-la.”
“Em cada móvel, procuro fazer uma brincadeira. Se tenho de criar uma cadeira, não dá para ser igual às já que existem. Precisa ter personalidade.”
“Sou um iconoclasta, irreverente, que não aceita as coisas preestabelecidas. Desde criança, eu questiono tudo. Por que fazer cortinas somente para as janelas? Uso-as também para separar ambientes.”
“Gosto de mostrar a intervenção, o que é feito na reforma. Procuro manter a memória do que existe na casa aproveitando a madeira de portas e janelas.”
“Penso na função produtiva do espaço, como vai funcionar na circulação. Se a mesa de jantar é pouco usada, não deve ser fixa. Crio uma sala de estar maior com espaço para montá-la só quando for necessário.”
“A casa deve ser arrojada, mas de acordo com o perfil da família. Os ambientes têm de ser práticos e usáveis para todos. A cozinha aberta para a sala só vale se o morador prepara a comida e recebe para jantar.”
Passos admira a obra do arquiteto finlandês
Alvar Aalto (1898/1976). Um exemplo é o banco X601, de 1954,
com pés em formato de leque
Alvar Aalto (1898/1976). Um exemplo é o banco X601, de 1954,
com pés em formato de leque
Com a inseparável lapiseira suíça Caran d’Ache, ele não
tem hora e nem lugar para desenhar seus projetos
tem hora e nem lugar para desenhar seus projetos
Madeira de demolição com pontos de luz. Assim é a porta que o arquiteto criou para surpreender quem chega em sua casa, na capital paulista | Espaços contínuos: não se sabe onde começa um e termina o outro. A conexão é feita pelo piso de ladrilho da cozinha que invade a sala neste apartamento nos Jardins, em São Paulo Fonte: http://revistacasaejardim.globo.com |
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