segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Estudo questiona necessidade do uso das vitaminas e cita riscos

Suplemento alimentar: a ingestão prolongada de vitaminas e minerais ajudou a melhorar a memória de adultos Suplemento alimentar: a ingestão prolongada de vitaminas e minerais ajudou a melhorar a memória de adultos (Thinkstock)
A grande maioria das pessoas não tem necessidade de tomar suplementos vitamínicos e a ingestão destes compostos pode representar um risco maior de morte em mulheres idosas, segundo um estudo publicado esta segunda-feira na 'Archives of Internal Medicine', periódico da Associação Médica Americana. Segundo a pesquisa, entre os suplementos estudados, o ferro se destacou como o que causa maior preocupação.
O estudo visava examinar se a indústria dos suplementos, de US$ 20 bilhões, tem algum efeito em prolongar a expectativa de vida em uma população com boa nutrição. Metade dos americanos ingere algum tipo de vitamina. Os pesquisadores confirmaram a teoria de que os suplementos não estão ajudando as pessoas a prolongar a vida. Mas os motivos para um risco ampliado da mortalidade não ficaram claros.
"Com base nas evidências, nós vemos pouca justificativa para o uso generalizado e indiscriminado de suplementos dietéticos", destacaram os autores do estudo, pesquisadores da Universidade de Minnesota e da Universidade do Leste da Finlândia. "Descobrimos que algumas vitaminas dietéticas e suplementos minerais comumente utilizados, inclusive multivitamínicos, vitaminas B6 e ácido fólico, bem como minerais como ferro, magnésio, zinco e cobre, estão associados a um risco maior da mortalidade", acrescentaram.
A equipe de pesquisadores americana-finlandesa examinou dados do Estudo de Saúde das Mulheres de Iowa, inclusive questionários preenchidos por 38.772 mulheres com idade média de 62 anos. As mulheres informaram sobre o uso que fizeram de suplementos em 1986, 1997 e 2004, e os dados demonstraram que seu uso aumentou em 66% no início para 85% em 2004.
Aquelas que ingeriam suplementos demonstraram ter um estilo de vida mais saudável, sendo mais propensas do que as outras que não tomavam suplementos a não fumar, se alimentar com base em uma dieta de baixa gordura e se exercitar. Mas em muitos casos, demonstraram ter um risco maior de morrer do que as demais que não tomavam suplementos.
Ferro - A preocupação principal recaiu sobre o ferro suplementar, indicando uma dosagem associada com o aumento do risco de mortalidade, destacou o estudo. Por outro lado, "o cálcio suplementar foi inversamente proporcional à taxa de mortalidade total", o que significa que as pessoas que ingeriam cálcio demonstraram ter um risco reduzido de morte, embora a mesma relação de dosagem não tenha ficado clara.
Os autores afirmaram que não podem descartar a possibilidade de que a razão para a taxa de mortalidade mais elevada em usuárias de ferro possa estar vinculada com as condições subjacentes que as levaram a tomar os suplementos - e que é necessário fazer mais pesquisas. Enquanto isso, os médicos pediram que os pacientes considerem os riscos da ingestão de suplementos a menos que seja necessário para prevenir deficiências.
"Achamos que o paradigma 'quanto mais, melhor' está errado", afirmaram os médicos Goran Bjelakovic, da Universidade de Nis, na Sérvia, e Christian Gluud, do Hospital Universitário de Copenhague, na Dinamarca, em um comentário que acompanhou o artigo. Estas descobertas "se somam à evidência crescente que demonstra que certos suplementos antioxidantes, como a vitamina E, a vitamina A e o betacaroteno podem ser prejudiciais", afirmaram.
"Não podemos recomendar o uso de vitaminas e suplementos minerais como medida preventiva, pelo menos não para uma população bem nutrida", concluíram.
(Com France-Presse)
Fonte:
http://veja.abril.com.br

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