domingo, 17 de julho de 2011

Filhos: o outro lado da vida com eles

Preocupada com a repercussão dos meus textos sobre crianças e com a quantidade de pessoas dispostas a ter filho para experimentar também essas situações, supostamente engraçadas e emocionantes (a suspeita foi intencional), decidi mostrar para vocês o outro lado da moeda.
Para não dizer que não avisei, aí vai.
FESTINHAS INFANTIS
Quando a criança entra para a escola, você terá uma festa por mês, pelo menos. Festa = gastos. Mas não é só isso. Muitas festinhas serão marcadas para domingo à tarde, na hora do futebol, ou sábado à noite, quando sua idéia era ver crianças  dormindo cedo para você assistir àquele filme alugado pela segunda vez. Se você tiver uma criança sem juízo (pequena demais) como eu, não sentará e não terminará uma conversa com os outros pais.
O que você acha disso?
1) Não assistir ao futebol? O quê!? Eu achei que a família TODA dormisse depois do almoço de domingo. Uma festinha por mês com brigadeiro, refrigerante e outras guloseimas? Não tem regime que se sustente. Tô fora.
2) Você vai, mesmo não estando muito afim, e fica feliz ao ver sua cria suada e sorridente pra lá e pra cá prestigiando o amiguinho. Valorizar amizades se aprende de pequeno. A gratidão dos pais com voz embargada e olhos marejados pela tua presença te cala fundo porque festa é isso: uma reunião para agradecer por mais um ano de vida do filho. É desgastante, mas emocionante. Vale o sacrifício.
O que eu acho? Opção dois.
SONO INTERROMPIDO
Há anjos nascidos crianças. Dormem a noite toda. A chance de você ter uma criança de verdade é maior. Mesmo os nascidos anjos se transformam em crianças na primeira grande mudança na vida deles, interrompendo seu sono. A mudança pode ser de endereço, uma doença, tirar o peito, a chupeta, a fralda ou o berço…Tiramos Carolina (1ano e 10meses) do berço. Nas primeiras cinco noites, acordei sobressaltada com um tiquinho de gente em pé ao lado da minha cama, olhando para mim. “Carol, o que você está fazendo aqui, minha filha?”. A gente quase enfarta de susto com aquela silhueta silenciosa na primeira vez. Depois levanta, pega o tiquinho pela mão e devolve para o quarto dele. O recorde foram quatro visitas numa única madrugada.
Possíveis reações:
1) Inconcebível ficar sujeito (a) a isso porque ficaria imprestável na manhã seguinte.
2) Criança saindo do quarto sozinha e chegando no seu quarto sem chorar ou chamar, caladinha? Que figura. Tem que rir.
Ao que tudo indica, as visitas noturnas cessaram. Eu cumpria o protocolo de devolvê-la à própria cama, mas achava engraçado.
VOCÊ SENTIRÁ QUE PERDEU A VEZ
Você chega tarde. Entra em casa com fome e doida para tomar um banho. Queria desabafar com o marido, telefonar para uma amiga. Queria ser ouvida. Mas as crianças resolvem te arrastar para brincar, sem permitir que você lave as mãos, que dirá comer. Falam sem parar e  insistem, cada uma, numa brincadeira.
1) Você vai se irritar e mandar todo mundo dormir, respeitar o seu espaço, porque hoje é a SUA vez. Injustiçada, vai maldizer a vida de mãe. Não tenho esse despreendimento.
2) Há chances reais de você rir de alguma palhaçada infantil e se dar conta de que elas não têm nada a ver com seus problemas. Ao ficar ali de mãos dadas com a criança que não quer dormir, você percebe que fazer cafuné é tão bom ou melhor do que receber. Quando todas dormem e as demandas cessam, você percebe que relaxou e perdeu a vontade de conversar com o marido sobre…o que era mesmo que você ia falar?
Eu até me irrito, porque se irritar é humano, mas costumo sucumbir à opção dois. Minhas filhas tornam minha vida mais leve.
LIMPAR O CHÃO DE XIXI – VOCÊ PASSARÁ POR ISSO
Tirar a fralda. Muitos pais costumam adiar a decisão por absoluta preguiça.  Você sentará a criança na privada várias vezes, inutilmente, durante o dia e ela fará xixi no tapete logo depois de deixar o banheiro. Passeios ficarão complicados nessa fase porque nem toda criança conseguirá prender. Tiramos a fralda de dia da pequena há dois meses. Ela já segurou até chegar em casa certaz vez, mas ainda erra à beça.
Gostou?
1) Claro que não.  Mais fácil ensinar um cachorrinho. Você enfia o fucinho dele no cocô e mostra o jornal no chão até o bichinho aprender. Criança não aprende assim não? Ô meu Deus, não tenho essa paciência.
2) Ajudá-las a trilhar o caminho da independência é função dos pais. Chega a ser enternecedor ver as caras engraçadas que a criança faz ao sentar na privada e te fitar olho no olho justamente na hora em que faz “forcinha”. A inocência me comove, e a cumplicidade nos une. Quero o pacote “criança” com tudo isso.
Eu sou a opção dois. Aliás, comprei um penico tão legal que até a mais velha quer usar agora…Aparentemente, agradou à pequena também que, ciumenta, vive dizendo agora que o “piniquinho é meu”.
Se você também escolheria dois dentre todas as situações acima descritas, tenha filhos.
Se você se identificou com a opção um, em algum dos episódios, não é um caso perdido, mas não diga que não avisei.
É claro que a vida é muito mais complexa do que as circunstâncias acima descritas, eu só queria dizer que, mesmo sendo fontes de preocupações e desafios, os filhos muitas vezes vêm com as respostas para nossos dramas pessoais. Eles nos fazem rir, deles e de nós mesmos.
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7

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